quarta-feira, 29 de abril de 2009

Chuvas no Ceará: Rodovias apresentam tráfego comprometido

Foto: Honório Barbosa
As chuvas que caem no Ceará este ano são um fenômeno natural, periódico e previsível. O problema é que, a cada ano, contabilizam-se prejuízos e danos estruturais das chuvas. Um exemplo disso é o estado das rodovias cearenses, que comprometem a circulação de pessoas e mercadorias em todo o Estado toda vez que a quadra chuvosa é mais severa. As precipitações abrem verdadeiras crateras na pista, o que também potencializa o risco de acidentes.

De acordo com o site do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), rodovias federais como a BR-222 (no trecho entre Itapajé e Sobral) e BR-116 (entre Milagres e a divisa do Ceará com Pernambuco) encontram-se seriamente comprometidas pela grande incidência de buracos e remendos na via, além de sinalização precária em alguns trechos.

Já em trechos da BR-304 (entre a BR-116 e Aracati) e da BR-226 (entre Crateús e a divisa do Ceará com Piauí), apesar de menos sérios, há incidência de buracos localizados, remendos e também problemas de sinalização.

Canteiro de obras
O superintendente do Dnit no Ceará, Joaquim Guedes, explicou que 2009 será um ano de obras para as rodovias federais. “Temos obras já licitadas, que estão paradas por conta da impossibilidade de fazê-las enquanto durar o período chuvoso, e outras que ainda será lançado o edital. Também vamos lançar, na primeira quinzena de maio, um pacote de restauração de 760km de rodovias federais, em trechos de BRs como a 116, 020, 304 e 222”, explica. Só o pacote de obras está orçado em R$ 258 milhões.Dentre as obras já licitadas, estão a restauração da BR-020 (no trecho entre os municípios de Boa Viagem e Canindé, no valor de R$ 11,467 milhões) e na BR-116 (do entroncamento com a CE-273 até Pereiro, com R$ 7,997 milhões).

Além das obras previstas e em execução, o superintendente salientou que todas as BRs do Estado possuem contratos de conservação e manutenção, em que são feitos serviços como tapa-buraco, drenagem, entre outros. “Mas são paliativos”, avalia Joaquim Guedes. Ele reconhece que a demora nos processos licitatórios trazem muitos transtornos, já que há casos em que o processo é finalizado próximo ao período de chuva e, em conseqüência, as obras ficam paradas por não haver condições técnicas de realizá-las em solo molhado. “Em contrapartida, há casos em que conseguimos finalizar a obra antes da quadra chuvosa, como na BR-020, no trecho que vai de Tauá até a divisa com o Piauí e era considerada uma das sete piores estradas do País”, argumenta.

Apesar disso, Joaquim Guedes aponta como outro fator que diminui a vida útil da estrutura asfáltica a circulação de veículos com peso acima do que é determinado por lei. “Também está em processo licitatório a instalação de balanças nas rodovias federais, que vão contribuir para uma melhor conservação das estradas. A precisão é de que elas comecem a ser instaladas no início do próximo ano”.

Aulas suspensas
A situação das rodovias estaduais também é considerada preocupante, trazendo uma série de problemas e do risco de acidentes por conta das condições precárias das CEs. O prefeito de Santana do Cariri, Jesus Werton Garcia, determinou a suspensão das aulas da rede municipal de ensino em conseqüência das chuvas que acabaram com as estradas que cortam o município.Somente no mês de abril, foram registrados mais de 500 milímetros de precipitações. “Não ficou um dia sem chover”, afirma o secretário de Educação do município, Vicente de Paulo Ribeiro Bastos, acrescentando que, apesar dos trabalhos emergenciais realizados, as rodovias não oferecem condições de tráfego.“É um risco de vida para os cinco mil alunos que freqüentam as escolas”, justifica o secretário, advertindo que a frota de 40 veículos (ônibus e caminhões) que atende aos estudantes não tem condições de percorrer a malha viária do município, já que alguns percursos possuem mais de 30 quilômetros de extensão. A cidade conta com 23 escolas, inclusive uma estadual, que funciona na sede e recebe alunos também da zona rural.

Além das estradas municipais, que foram danificadas pelas chuvas, a CE-166, que liga Santana do Cariri a Nova Olinda, está praticamente intransitável. O recapeamento depende do Governo do Estado. De acordo com informações do Departamento de Edificações e Rodovias (DER), o trecho já foi licitado. A ordem de serviço para a obra, segundo o engenheiro Luiz Silviano, deve ser assinada na próxima semana.A estimativa é que, se não chover, as aulas sejam reincidas, na próxima segunda-feira (dia 4 de maio). Mas a perspectiva é que as chuvas terão continuidade nas próximas semanas. O secretário de Educação do município informou que, se for o caso, as aulas se prolongarão durante o mês de férias para que o calendário escolar não seja prejudicado.

A reportagem tentou entrar em contato com o superintendente do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), Francisco Quintino Vieira, para falar sobre a situação e as possíveis soluções para as rodovias estaduais. Mas segundo informou a Assessoria de Imprensa do órgão, até o fechamento desta edição ele se encontrava em reunião no Palácio Iracema, em Fortaleza.

BURACOS NO ASFALTO
Motoristas devem redobrar atençãoSobral. Em alguns trechos das estradas estaduais, as chuvas já realizaram sérios estragos, comprometendo a circulação. Se as condições de tráfego eram consideradas ruins em épocas fora do período chuvoso, devido a malha viária estar bastante danificada no verão, os motoristas que trafegam pelas rodovias que ligam os municípios de Sobral e Cariré devem redobrar a atenção. Na CE-183, no trecho localizado entre os dois municípios (já próximo à cidade de Cariré) o asfalto cedeu em dois locais, permitindo que o trânsito ocorra em apenas uma das vias.

Já no trecho que liga os municípios de Reriutaba e Guaraciaba do Norte, homens do Departamento de Edificações e Rodovias (DER) trabalham com o objetivo de recuperar um trecho de aproximadamente 50 metros da CE-366, que também cedeu devido a infiltração da água das chuvas. A recomendação dos operários é que os motoristas que trafegam em caminhões evitem este trecho, até que a cratera seja completamente recuperada e o tráfego volte a ficar seguro.

Já na região Centro-Sul, três trechos de rodovias estaduais que ligam Iguatu aos municípios de Várzea Alegre, Quixelô e Icó estão esburacados. O asfalto está estragado e a situação das estradas piorou com a intensidade das chuvas neste período chuvoso, aumentando o tempo de viagem e o transtorno para os motoristas. O superintendente DER, Quintino Vieira, disse que os serviços de reconstrução e tapa-buraco somente serão feitos após o fim da quadra invernosa.Na CE-060 entre a localidade de Umarizeiras e a cidade de Várzea Alegre, o trecho de 33 km está precário. Há verdadeiras crateras no meio da pista. O asfalto em muito pontos está solto e os motoristas precisam ter paciência. Em algumas áreas, eles são obrigados a trafegar pelo acostamento.Com a precariedade do asfalto, o número de acidentes e de assaltos aumentou, levando medo e insegurança para quem precisa trafegar por ali. O trecho já foi licitado e a empreiteira vencedora aguarda o fim do período chuvoso para começar a recuperar a rodovia. O último serviço de reconstrução do asfalto foi há 16 anos.

A rodovia CE-154, que dá acesso à cidade de Quixelô a partir do entroncamento com a CE-060, em Iguatu, apresenta inúmeros buracos. O tempo de viagem entre os dois pontos mais do que dobrou. É preciso paciência e atenção para trafegar no trecho de 18 km, principalmente no período da noite e quando está chovendo. A buraqueira está presente em toda a extensão da estrada. O DER também já licitou a obra de reconstrução do trecho, mas mais uma vez foi informado que os serviços só começam após a quadra invernosa. Obras de infra-estrutura, como bueiros, foram realizadas.O trecho de 15 km entre Iguatu e o distrito de José de Alencar, na rodovia CE-282, também está bastante danificado. São vários buracos no meio da pista e próximo ao acostamento. O asfalto está estragado e os buracos acumulam água da chuva, o que leva a erosão do asfalto. Ainda não há previsão para recuperação da estrada danificada.

WILSON GOMES/ HONÓRIO BARBOSA
Colaborador/ Repórter
karoline viana/ antônio vicelmo
Repórteres
Fonte: DN

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