O AUTO DA CAMISINHA
Grupos culturais participam de filmagens
Grupos culturais de todo o Estado participaram das filmagens do ´Auto da Camisinha´, em Quixadá
Quixadá. A pequena vila rural de Juatama, a pouco mais de 17km do Centro de Quixadá, foi palco do mais expressivo encontro cultural dos últimos tempos na região. Grupos culturais de diferentes regiões do Ceará se reuniram ali para participar de algumas cenas da produção cinematográfica “O Auto da Camisinha”. Através da adaptação feita pelo próprio autor da consagrada peça, José Mapurunga, para a sétima arte, o lugarejo foi elevado imaginariamente à cidade. Estava prestes a ser reconhecida como patrimônio folclórico da humanidade.
Aos montes, como costuma dizer o povo do lugar, ali estavam, na Rua da Estação: o Maracatu Rei de Paus, a Orquestra de Pífanos de Crateús, o Reisado do Renascer, os vaqueiros e aboiadeiros de Canindé, o Garajal de Maracanaú, o Circo Escola do Bom Jardim, a Troupe de Fortaleza e mais uma dezena de cortejos culturais de todos os cantos do Ceará. Chegavam com a missão de impressionar “Quarto Besouro”, grande autoridade, enviada para avaliar se Juatama merecia a tão esperada nomeação. Se era para impressionar, fizeram muito mais.
Literalmente, a diversidade cultural floresceu no meio do Sertão. Os moradores, figurantes do espetáculo cênico, ficaram perplexos com tamanha riqueza de cores e costumes populares. Nem de longe, a dona-de-casa Emília de Castro imaginava se deparar um dia com tamanha manifestação, praticamente na porta de sua morada. “Estou orgulhosa de tudo isso, do meu povo, dessa gente que carrega na veia a nossa verdadeira identidade, e desses meninos que tiveram a sensibilidade e trazer tudo isso para cá”.
A mãe da “Princesa das Embaixadinhas”, Gabriela de Castro, se referia ao cineasta Clébio Ribeiro e sua equipe. Além de escolherem sua localidade, eles haviam mobilizado grupos regionais de todo o Estado. Ela e a vizinhança nunca haviam visto um maracatu. Ao ouvirem o toque cadenciado dos tambores não resistiram ao cortejo. Nem imaginavam que estavam em cena. Continuavam a acompanhar, admirados, aquela “carnavalização”, como o produtor cultural Perúcio Torres definiu o encontro.
Segundo os produtores, a seleção começou com a Banda de Musica de Quixadá. O cortejo estava previsto no roteiro. No princípio, apenas os artistas circenses complementariam a cena, mas ao saberem da vinda do ilustre visitante que acaba se rendendo de amores por “Lionor” — personagem da trama que aborda a importância do uso de preservativos nas relações sexuais — logo surgiram caravanas da região e de localidades mais distantes. “Juatama realmente foi transformada em patrimônio folclórico da humanidade”, comentou o produtor, Paulo Victor.
“Não podíamos perder esta oportunidade. Nossa terra merece este título”, comentaram os jovens que integram o Grupo de Teatro Garajal, de Maracanaú. Eles atuam na formação cultural desde 2003, em atividades circenses, teatros de rua e de bonecos, exploram a característica mambembe, espetáculos informativos, animações de festas e até cortejos de velórios. Sem recursos ao longo desses anos, agora, o Garajal contará com incentivos do “Ponto de Cultura”. São R$ 200 mil. O projeto poderá se estender pelos próximos três anos.
A diretora e arte-educadora do Grupo Colméia de Teatro, da Escola de Arte e Cultura de Pacoti, Alice Andrade, também elogiou a iniciativa. Aproveitou a oportunidade para destacar que o Colméia foi criado há cinco anos. Ampara 25 crianças e adolescentes carentes. Flauta, violão, música, artes plásticas e coral. Eles se apresentam constantemente no Teatro Luiz Pimenta, na cidade serrana.
Mais feliz ficou a diretora e uma das fundadoras da Trupe Caba de Chegar, Ana Marlene Lima. Com 18 anos de teatro de rua, o mais antigo de Fortaleza, foram convidados para participar das filmagens e aprovaram a idéia da mobilização.
ALEX PIMENTEL
Colaborador
DN
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