Mulher completa 110 anos
Antônia Monteiro da Silva mora com dois filhos, nora e quatro netos. Apesar da idade, não tem nenhuma doença
Ela hoje vive praticamente dentro de uma rede, em um quartinho da casa do filho mais velho, de 73 anos de idade, no entanto, Antônia Monteiro, se prepara para comemorar, no dia 10 de maio, seus 110 anos de vida “muito bem vividos”, com uma saúde de ferro.
Sem enxergar, devido a evolução de catarata, desde os 90 anos, e com limitações na audição, ela passou por muita coisa em mais de um século de vida: a invenção da máquina de lavar roupas elétrica, o primeiro vôo de Santos Dumont, no 14 Bis, viu os carros substituírem as carroças e os homens pisarem na Lua. Passou por duas grandes guerras, muitas crises nacionais e internacionais e mudanças na política brasileira. Hoje, apenas sorri quando perguntada o que pensa sobre a vida e sobre o destino do País. Chega até a ironizar: “minha fala é solta, até porque não tenho mais dentes. Quem tem, fala meio esquisito, meio abafado, sei lá”, brinca.
De tudo que viveu, apenas tem uma leve lembrança. O que se queixa é da saudades dos filhos que demoram a ir visitá-la. Pergunta mais de uma vez quem somos nós, da reportagem do Diário do Nordeste, quer saber nossos nomes, onde moramos. Quando respondemos, agradece e deseja tudo de bom. “É bom ter gente”, diz, enquanto arruma o cabelo para ser fotografada. “Ela é vaidosa”, conta a nora, Maria Edite Salvador, demonstrando carinho no jeito de cuidar dela.
Viúva desde os 65 anos, ela criou os filhos com a força de seu trabalho. “Antes, quando trabalhava, tinha meu dinheirinho, agora, vivo e como do que me dão”, solta Antônia. Segundo seu filho, José Severo da Silva, ela tem uma aposentadoria de R$ 415,00. Quantia que ajuda no sustento da casa, um sitiozinho na Rua Coronel Ednardo Weyne, na Mangabeiras. A família mora ali, quase de favor, há 30 anos. “Meu compadre nos deixou morando aqui e ainda paga nossa luz”.
Eles vivem com dificuldades. Dona Antônia, por exemplo, necessita de uma cadeira de rodas. A antiga não serve mais para nada. Sem ela, fica muito difícil tirá-la da rede, onde passa a maior parte do tempo. “Minha mãe dorme bem, mas às vezes, passa a noite nos chamando, não querendo ficar sozinha”, conta José.
O segredo da longevidade, segundo a nora, é viver sem tanto estresse e comer feijão, carne, arroz e à noite, mingau. Antônia volta a brincar quando perguntada qual o presente de aniversário que gostaria de ganhar: “um quilo de carne e bacalhau. Não quero roupas”. Depois confessa que foi tudo brincadeira. “Quero mesmo é paz, saúde e felicidade”.
Idosos
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ceará tem mais de oito milhões de habitantes — cerca de 2,4 milhões deles vivem na Capital. De toda a população do Estado, 10% é considerada idosa e mais da metade desta sobrevive com até um salário mínimo.
Maria Olívia da Silva é a mulher mais idosa do País. Ela nasceu em Itapetininga, interior de São Paulo, no dia 28 de fevereiro de 1880 e completou, no sábado, 129 anos. Atualmente, mora em Astorga, no interior do Paraná, e presenciou fatos importantes da história, como a libertação dos escravos, em 1888, e a Proclamação da República, em 1889.
Foto: Juliana Vasquez
LEDA GONÇALVES
Repórter
Fonte: DN
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