sábado, 28 de fevereiro de 2009

Especial: 100 anos de Patativa do Assaré - O passáro encantado

A partir de amanhã, 01 de março o pequeno muicípio de Assaré, localizado aqui no Ceará entra em festa. O motivo maior é comemorar o aniversário de 100 anos de nascimento do seu filho ilustre, o poeta Patativa. Um ícone da cultura popular brasileira. Patativa já voou para a eternidade, mas seus cantos continuam vivos ecoando por esse mundo a fora. Um figura que parace permanece aindo viva entre nós. Canta Patativa que estaremos aqui sempre atentos a ouvir tua canção, rimas e poemas, que sempre traz no seu conteúdo uma lição de como se viver melhor. Respeitando a natureza, o próximo, a vida. Hoje íniciamos esta série especial em homenagem aos 100 anos de nascimento de Patativa do Assaré - O passáro encantado.
Pseudônimo - Patativa do Assaré era o nome artístico de Antônio Gonçalves da Silva. Nasceu em 5 de março de 1909, na cidade de Assaré (Ceará). É um dos mais importantes representantes da cultura popular nordestina. Sua obra ainda permanece viva está "encantado"em nosso meio. Patativa faleceu em 8 de julho de 2002.
A voz do Sertão - Patativa do Assaré foi a voz não só do sertanejo nordestino e dos trabalhadores rurais; mas de todos os injustiçados, marginalizados e oprimidos. Sua poesia, embora enraizada no sertão nordestino, é ao mesmo tempo universal por representar o sentimento de uma classe social com a autenticidade de quem é ‘do povo’. Além de poeta popular, foi cantador, violeiro, improvisador, poeta de bancada e também escreveu cordéis (apesar de não se considerar um "cordelista").
Obteve popularidade a nível nacional, possuindo diversas premiações, títulos e homenagens (tendo sido nomeado por cinco vezes Doutor Honoris Causa). No entanto, afirmava nunca ter buscado a fama, bem como nunca ter tido a intenção de fazer profissão de seus versos. Patativa nunca deixou de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou (
Cariri) no interior do Ceará. Seu trabalho se distingue pela marcante característica da oralidade. Seus poemas eram feitos e guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o impressionante poder de memória de Patativa, capaz de recitar qualquer um de seus poemas, mesmo após os noventa anos de idade.
A transcrição de sua obra para os meios gráficos perde boa parte da significação expressa por meios não-verbais (voz, entonação, pausas, ritmo, pigarro e a linguagem corporal através de expressões faciais, gestos) que realçam características expressas somente no ato performático (como ironia, veemência, hesitação etc). A complexidade da obra de Patativa é evidente também pela sua capacidade de criar versos tanto nos moldes camonianos (inclusive sonetos na forma clássica), como poesia de rima e métrica populares (por exemplo, a décima e a sextilha nordestina). Ele próprio diferenciava seus versos feitos em linguagem culta daqueles em linguagem do dia-a-dia (denominada por ele de poesia "matuta").
Patativa transitava entre ambos os campos com uma facilidade camaleônica e capacidade criadora e intelectual ainda não totalmente compreendidas pelo meio acadêmico. Sua obra, de dimensão tanto estética quanto política, aborda diferentes temas e possui outras vertentes além da social/militante; como a telúrica, religiosa, filosófica, lírica, humorística/irônica, motes/glosas, entre outras. As múltiplas tentativas de categorização da obra de Patativa do Assaré (muitas vezes subjetivas e sem base teórica) expõem falhas inerentes dos próprios parâmetros de julgamento.
Estes, na maior parte, baseados em pressuposições e preconceitos que levam a dois extremos: a representação idealizada do mito, a exclusão pela classe social, nível de escolaridade etc.

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