O local tem fama de mal assombrado. Há depoimentos de quem morou por lá e diz que os “fatos sobrenaturais” ocorriam sempre à meia-noite, meio-dia e 18 horas.
Católico, sem crer na volta de espíritos para a terra, Miguel disse que “viu um homem de seus 40 anos, por volta das seis horas da noite, passar pela casa e sumir”.
Segundo Miguel, o casarão tem uma estrutura muito forte, com paredes grossas e há túneis por dentro. “O primeiro a morar foi o seu Durval, depois foram parentes dele. Tem algo que expulsa as pessoas de lá. Dizem que os antepassados enterraram moedas de ouro e prata no local. Deve ser por causa disso que surgem essas coisas estranhas”.
Muitos moradores de Água Verde não têm coragem de entrar no casarão. Mas um dos proprietários, Waldir Cavalcante, não demonstra temor e planeja, após o término do inventário do imóvel, restaurar e ficar morando na casa construída por ele, e transformada em palacete pelo irmão Durval Cavalcante, o seu Dudu, já falecido.
Mesmo tendo fama de mal assombrado, a população quer que a família Cavalcante (atualmente formada pelos irmãos Waldir e Sílvia) conserve o casarão. “Fizemos o mapa das expressões culturais de Guaiúba em 2006 com a participação de estudantes da rede pública e o casarão foi incluído”, informa o assessor de Comunicação da Prefeitura, Soriano Ribeiro da Silva.
Uma preocupação de moradores e pessoas que conhecem o casarão da Água Verde era de que o imóvel fosse destruído com o projeto de alargamento da CE-060 que será executado pelo governo estadual. Isso porque a rodovia dá acesso ao município de Redenção onde vai funcionar, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Porém, segundo o Departamento de Edificações e Rodovias (DER), o casarão será poupado. Ficará numa área de retorno.
O auxiliar de enfermagem Miguel Coelho que viveu lá por cerca de três meses há quatro anos, tem até depoimento gravado na Rádio Rede Escola Portal da Serra do Centro de Educação, Arte e Cultura de Guaiúba. “No primeiro mês foi tranquilo, mas a partir do segundo mês apareceram coisas estranhas como vozes de homem e mulher chamando o meu nome. Eu respondia e não aparecia ninguém”, conta.
Seu Didi não sabia que o casarão seria preservado com a duplicação da rodovia estadual. “Eu ainda não entrei em contato com o Departamento de Estradas (DER) porque estou esperando a conclusão do inventário que vai definir quem vai ficar com o casarão”. Seu Waldir disse que será decidido entre ele e a irmã Sílvia Cavalcante. Os dois pretendem preservar e restaurar o casarão. “Dependendo do resultado posso até voltar a ocupá-lo”, disse seu Didi.
Onde
ENTENDA A NOTÍCIA
Guaiúba fica na Região Metropolitana de Fortalezal. Tem uma população estimada em 24.091 habitantes, segundo o Censo 2010. Água Verde é um dos distritos. Os demais são: Itacima, Dourado, Baú, e São Jerônimo, além da sede.
ATRAÇÕES TURÍSTICAS DO MUNICÍPIO
Atrativos verdes
Guaiúba, na Região Metropolitana de Fortaleza, oferece condições ideais para a prática do turismo ecológico. Subindo a serra do Aratanha, por trilhas, o visitantes encontra cachoeiras, quedas d´água que formam piscinas naturais, em meio a uma densa vegetação.
Muitos atrativos naturais de Guaiúba estão localizados em propriedades particulares, abertas à visitação pública e que têm se especializado no turismo rural. Um desses empreendimentos é o Sítio Céu, uma área de 300 hectares transformada, em janeiro deste ano, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
Outros atrativos do município são o hotel Fazenda Vale do Juá, numa área de 260 hectares, a Fazendinha Rural, um sítio que oferece lazer para toda a família.
O sítio São Jerônimo, onde o turista pode fazer passeios de lancha e jet sky no açude e o Clube Nordeste de Parapente que fica no distrito de Itacima, local para campeonatos de voo livre.
Rita Célia Faheina
ritacelia@opovo.com.br
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