A partir do ensino em tempo integral, crianças puderam desenvolver 55 obras paradidáticas de literatura infantil
Russas "A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa", afirmou o psicólogo e epistemólogo Jean Piaget. E se quem lê viaja, quem escreve embarca num mundo que só a literatura permite para leitores e escritores.
No município de Russas, no Vale do Jaguaribe, crianças produziram 55 obras paradidáticas de literatura infantil, no projeto pedagógico "De leitor a escritor". Sem pretensão de formar autênticos escritores de ficção, os alunos aprendem e executam a produção literária para, depois, nunca mais lerem do mesmo jeito. Com direito a dia de autógrafos, meninos e meninas lançaram as obras para pais, colegas e autoridades locais. O material esteve em exposição no Centro de Atenção Integrada à Criança (Caic) Senador Carlos Jereissati, onde estudam.
A iniciativa nasceu a partir dos trabalhos realizados pelos alunos durante a execução do projeto pedagógico "De Leitor a Escritor", desenvolvido na escola. Das ideias e rascunhos trabalhados em sala de aula surgiu a produção das obras que foram divididas em cinco belíssimas coleções: Pintando o 7, Carrossel de Contos, Rabiscando e Contando, Mar de História e História de Crianças. São obras infantis escritas por crianças que, além de proporcionarem uma boa leitura, servirão de incentivo para a produção de outros títulos. O primeiro contato do público com as coleções aconteceu durante o dia 28 de abril, quando foi realizada a I Ciranda Literária.
Noite de autógrafos
Durante a exposição, realizada na própria escola, os livros ficaram expostos aos visitantes e no fim do dia, com a presença de autoridades e da comunidade escolar, as obras foram lançadas oficialmente com direito a momento de autógrafos concedidos pelos autores mirins. "É uma emoção ver nossos alunos do Caic lendo e produzindo textos coerentes. Publicar suas histórias é um incentivo a mais para aprendizagem dos nossos educandos", conta a professora Risoleta Deodato.
Mas a melhor sensação foi de crianças como Ana Camila, de sete anos, para dizer que "foi muito bom escrever a historinha com meus coleguinhas". O diretor da escola, professor Gleidson Oliveira, defendeu a união dos professores para orientar os alunos como fator decisivo para a realização do projeto.
O Centro de Atenção Integrada à Criança (Caic) atende a crianças em dois turnos. Lá, os professores conciliam atividades didáticas em sala de aula com momentos culturais e de lazer para os alunos.
"Foi muito gratificante ver a satisfação das famílias e das crianças, que, como gente grande, apresentaram e autografaram suas produções. São crianças leitoras que se tornam crianças escritoras. O que poderia ser somente um sonho de vocês é uma feliz realidade", defendeu a secretária municipal da Educação, Lindalva Carmo.
Para o diretor do Caic de Russas, o reforço obtido com o inclusão dos estudantes no ensino em tempo integral consegue suprir, por exemplo, a deficiência de muitos pais, que não conseguem ajudar o estudante porque mal sabem ler e escrever. Levantamento feito em 2006 na escola mostra um aumento de 34,5% para 64,5% no índice de estudantes que sabiam ler e escrever corretamente ao final do ano letivo.
A produção de texto, com caracterização de personagens, descrição de cenários e desenvolvimento de diversos tipos de narrativa representa, para os professores, o ápice do processo de escrita. Os garotos e garotas não estão apenas sabendo ler, pronunciar, soletrar e escrever, mas colocando, além de tinta, boas ideias no papel.
Novos participantes
O projeto deve seguir durante o ano com a inclusão de novos autores mirins. E já tem participantes querendo inventar novas histórias, para escrever e contar para os colegas. O garoto Mateus Cassiano vestiu sua melhor roupa para fazer a dedicatória do livro assinado com seu nome. Pretende repetir a feita.
Especialistas defendem que a prática de produção textual é importante elemento pedagógico, com a imaginação ajudando no desenvolvimento do raciocínio lógico. De acordo com a especialista em Educação Infantil, Rosilane Oliveira, aprender em sala de aula pode ser prazeroso quando a escola se configura como um espaço que busca impulsionar a interatividade e a interlocução. "Porém, para que isso aconteça, o educador precisa descobrir o prazer de ensinar e a criança, descobrir o prazer de aprender. A ludicidade é um espaço que merece atenção dos pais e educadores, pois é o espaço de expressão genuína do ser", disse ela.
MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria Municipal da Educação
(88) 3411.0121
Russas-CE
DN
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