Foi preciso apenas duas horas de precipitações pluviométricas (47.8 mm, das 9 às 11 horas) para a cidade virar um caos. A Defesa Civil do Município registrou 87 ocorrências, sendo 61 alagamentos, nove inundações, nove riscos de desabamento, cinco desabamentos, dois deslizamentos e um incêndio.Os desabamentos foram registrados no Centro da cidade (1) e outros quatro nos bairros Castelo Encantado, Quintino Cunha, Maraponga e Planalto Airton Sena. Segundo o coordenador de Emergência e Socorro da Defesa Civil; Luiz Pinho, o maior número de ocorrências foi na Regional V (32), em bairros como Canindezinho (5), Bom Jardim (4) e Planalto Airton Sena (4).Chama atenção o grande número de ocorrências na área central. Foram nove registros: além do desabamento, foram cinco alagamentos, dois riscos de desabamentos e uma inundação.
Após as 17h, a Defesa Civil continuava recebendo ocorrências e tinha duas equipes atendendo a chamados na SER V, correspondente ao Grande Mondubim, e na Regional VI, à Grande Messejana.Carros boiando no meio da água, desespero, pessoas ilhadas, casas alagadas, engarrafamentos intermináveis, prejuízos e muitos transtornos pelas diferentes ruas e avenidas.
No Centro, por exemplo, o Diário do Nordeste flagrou na Avenida Heráclito Graça, próximo ao cruzamento com a Rua Antônio Augusto, o desespero da universitária Priscila Lopes.A estudante vinha da faculdade acompanhada de mais dois amigos e viu praticamente seu carro ser engolido pelo verdadeiro mar de águas que se formou na avenida.
O Palio de placa KKH-4860 ficou completamente molhado e foi resgatado por moradores do local, que retiraram Priscila e seus colegas pela janela.“Pensei que dava para passar porque de longe deu a impressão que dava para subir na rua e acabei nessa situação desesperadora. O carro está completamente parado e encharcado e agora não sei nem como vou pagar os prejuízos”, conta ela.
Ela não foi a única a ter prejuízos. No mesmo local, pelo menos três veículos ficaram ilhados, com água na altura do trinco das portas - uma D-20 prata no meio da Heráclito Graça, além de um Pegeout 207 e uma Fusca branco estacionados na avenida.A uma quadra do local, na Rua Ildefonso Albano, o ônibus 26.903 da Viação Maraponga, que faz a linha Antônio Bezerra/Papicu, passou cerca de uma hora e meia parado no meio da água com passageiros dentro devido uma pane.
O trânsito no trecho entre as ruas Carlos Vasconcelos e João Cordeiro ficou interditado e foi desviado para as ruas secundárias pelos agentes da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC).O dia de trabalho no comércio praticamente acabou depois que a chuva começou, por volta das 10h30. Alguns ambulantes na Rua General Sampaio guardaram os produtos e foram embora.
Outros resistiram e ficaram com roupas, produtos importados e comidas molhadas. “Fiquei com todos os bonés e chapéus molhados. A minha sorte é que posso lavar e vender de novo”, disse o ambulante Antônio Celso Silva, que resistiu à chuva e manteve o posto de trabalho.Em vários pontos da cidade, os problemas eram muitos para motoristas e pedestres.
Nas Avenidas Desembargador Moreira e Raul Barbosa, por exemplo, os alagamentos deixaram carros e caminhões parados e, até mesmo, boiando em meio às verdadeiras “lagoas” que se formavam nas vias. Para se ter uma idéia, na Raul Barbosa, os carros voltavam a todo momento de ré ou alteravam a rota para não ficarem “ilhados”.O motorista Adarilam Braga, 28 anos, parou seu veículo, esperou, até que finalmente concluiu que a avenida estava “sem condições” para ser atravessada. “Sempre passo por aqui e estava indo a Horizonte para entregar uma encomenda. Fiquei de chegar por volta de 12 e 13 horas. Entretanto, com a chuva, só vou conseguir fazer entrega umas 15 horas.
Não posso arriscar a perder o carro com que trabalho” ”.Ao contrário de Braga, o economista Almir Moura, 45 anos, estava no caminhão em que o motorista decidiu enfrentar o trecho alagado. O veículo ficou ilhado. “Nunca vi isso aqui. A chuva alagou tudo. Acredito que é preciso um processo de drenagem, pois os esgotos estão entupidos. As ruas estão alagadas e com muitos buracos, está muito difícil andar por Fortaleza”, enfatiza.No canal do Lagamar, o nível da água do Rio Cocó também estava alto. Tanto que crianças brincavam tomando banho, enquanto os adultos olhavam preocupados a situação. Na Rua Coronel João Carneiro, no cruzamento com a BR-116, o acúmulo era tanto que dificultava a passagem dos pedestres, que apresentam água na altura dos joelhos.
PAOLA VASCONCELOS, ÍCARO JOATHAN E JANINE MAIA
Repórteres
Fonte: DN
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