domingo, 3 de maio de 2009

Chuvas no Ceará:Chuvas desabrigam 5 mil

Em Bela Cruz e Marco, a cheia do Rio Acaraú causou a interrupção do abastecimento de água potável na regiãoAs chuvas no Ceará estão causando muitos estragos em todas as regiões. Conforme informações da Defesa Civil do Estado, até a última sexta-feira, já são 5.892 pessoas desabrigadas e 52 municípios atingidos pelas enchentes.

Alerta preventivo do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres, do Ministério da Integração Nacional, destaca que, pelo menos até este domingo, as áreas de instabilidade tropicais permanecem bem ativas sobre o Nordeste do Brasil, mantendo as condições de pancadas de chuva no território cearense. Conforme a Fundação Cearense de Metereologia e Recursos Hídricos (Funceme), de 07h de sexta-feira até às 07h deste sábado, choveu em 96 municípios. A precipitação mais forte aconteceu em Ibiapina, com registro de 150 milímetros.

O alerta do Ministério da Integração Nacional ao Ceará informa que, em alguns momentos, as chuvas podem ser de forte intensidade e acompanhada de descargas elétricas. Por isso, a Secretaria Nacional de Defesa Civil recomendou orientar a população para o risco de alagamentos e enchentes nas áreas ribeirinhas, deslizamento de encostas, morros e barreiras. Além disso, devem evitar lugares que ofereçam pouca ou nenhuma proteção contra raios.

Conforme a assessora técnica da Defesa Civil do Estado, Ioneide Araújo, equipes do órgãos estão espalhadas por todas as regiões, atendendo ocorrências, alertando possíveis desabamentos e também distribuindo materiais como alimentos e lonas para as famílias desabrigadas, desalojadas ou que ainda estão em suas residências atingidas pela água.

Ioneide Araújo adianta que Cedro, Itapajé, Milhã e Uruburetama já estão em situação de emergência, mas explica, no entanto, que muitos outros municípios estão em situação crítica, mas ainda não decretaram oficialmente emergência por que ainda estão submersos e não há como avaliar perdas e danos nas áreas de enchente.Ela ressalta que o alerta maior no Estado são para os municípios das Regiões Norte e do Jaguaribe, por causa do aumento do nível dos rios Acaraú e Jaguaribe.

Duas cidades do Baixo Acaraú estão com o sistema de abastecimento de água comprometido. Os moradores de Marco e Bela Cruz estão sem água nas torneiras há mais de cinco dias devido às cheias do Rio Acaraú, que danificaram o sistema de bombeamento.

Para tentar solucionar o problema, técnicos da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) foram enviados à Bela Cruz e para chegar ao local tiveram que contar com ajuda do helicóptero da Ciopaer. Levaram um motor bomba, que pesava aproximadamente 200 quilos, para substituir o que está quebrado. “Este motor bomba tem capacidade de jorrar 187 metros cúbicos de água por minuto o que nos garantirá a normalização do sistema”, disse o supervisor da Cagece, José Maurício.

A falta de água afetou também o Hospital Municipal Bela Cruz que teve que ser abastecido pela Defesa Civil com caminhão-pipa. Até o Centro de Convenções da cidade, onde estão alojadas 30 famílias, o abastecimento também cessou. A previsão, conforme o supervisor da Cagece, José Maurício, é que, em dois dias, o abastecimento seja normalizado. “Mas para que isso aconteça será necessário que a Companhia Energética do Ceará (Coelce), normalize a energia que também foi desativa”, disse.

Na cidade de Marco, a 15 km de Bela Cruz, carros-pipa, de órgãos do Estado estão garantindo o abastecimento de água potável. Os carros viajam até Acaraú para abastecer e fazer o transporte do produto.

Já em Acaraú, o deputado estadual João Jaime, que está na região, disse que o Rio Acaraú já invadiu as ruas e está na porta dos moradores. “Só tivemos uma situação parecida em Acaraú durante o grande inverno de 1974”, disse. Além disso, João Jaime informa que a passagem de Acaraú para Cruz, a mesma estrada que dá acesso à Jijoca e Jericoacoara, também está completamente cortada.

Outro risco na cidade, conforme ele, é o arrombamento do açude Bau. “Nós já contatamos órgãos como o DER e o DNIT para evitar que o município perca esse açude que é de muita importância para a cidade. As ações, por enquanto, se restringem à colocação de pedra, brita e outros materiais para que o açude seja salvo”, disse o deputado.Em Caridade, neste sábado pela manhã, a cheia lavou a parede do açude em 25 centímetros e causou a inundação de 40 residências.

PAOLA VASCONCELOS
Repórter
DN

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